quinta-feira, 23 de julho de 2009

Repertório



Cia. Ganymedes apresenta:
PROJETO REPERTÓRIO

Um ingresso = Dois espetáculos

sexta-feira (07 de agosto):
O Mágico
sábado (08 de agosto):
As Muitas Últimas Coisas

local:
Teatro de Arena Sérgio Cardoso
horário:
20h00
ingresso:
R$ 15,00 (inteira) e 7,50 (meia)

sábado, 11 de julho de 2009

Companhia Ganymedes Apresenta:




sexta-feira, 9 de maio de 2008


(fotografia: Antonio Fon)

Apresentação e Sinopse

Para seu primeiro espetáculo, a Companhia Ganymedes vale-se de um consagrado texto da literatura alemã, refletindo sobre a liberdade, sobre se realmente existe liberdade, sobre se nossas vontades são eficazes frente à vontade de outrem.

teaser de "o mágico" para a primeira temporada


O espetáculo baseia-se na obra Mario e o mágico, do alemão Thomas Mann, publicada primeiramente em 1930 e considerada uma das duas grandes novelas italianas do autor; a outra é Morte em Veneza. Como diz Jacques Brenner em prefácio à obra, Mario e o mágico seria uma história politicamente engajada e que simbolizaria a instalação do fascismo na Itália depois da Primeira Guerra Mundial.

Segundo o próprio Mann, seria “uma história com fortes ramificações políticas, que se inclina em segredo sobre a psicologia do fascismo e também sobre a da ‘liberdade’, com sua doutrina da boa vontade, que a coloca num estado de inferioridade diante do robusto querer de seu adversário”.

Profundo observador da vida cotidiana, Thomas Mann, durante umas férias na Itália, teria percebido como alguns comportamentos privados correspondiam ao estabelecimento de um regime totalitário. Compreendendo-os, o autor nos dá uma obra que surge como “interrogação sobre a margem da liberdade que nos é concedida e sobre certos perigos que ameaçam nossas pequenas individualidades”, como bem afirma Brenner no mesmo prefácio.

Interessante é saber que as atitudes do mágico, presentes na obra, foram calcadas em uma apresentação real, em que um ilusionista comportou-se da mesma maneira que Cipolla — o mágico do texto de Mann. Rico é ver como a obra ficcional de Thomas Mann, baseada em eventos reais de um lugarejo italiano, torna-se representação alegórica da ascensão do fascismo e, ao mesmo tempo, representação dos cotidianos embates entre nossas vontades e as de outrem. Isso ao mesmo tempo em que lança uma espécie de manifesto contra nossa possível mornidão frente ao que nos rodeia: injustiças de toda monta, política insidiosa, totalitarismos vários — camuflados ou não.

Um trecho de Mario e o mágico bem ilustra isso: "É verdade, a alma não pode viver de não querer. Não querer fazer alguma coisa é insuficiente para preencher uma vida. Não querer alguma coisa está bem próximo de não querer mais nada, e, logo, de fazer assim mesmo o que uma outra vontade impõe".

Assim, tem-se o seguinte como SINOPSE:

Um mágico apresenta-se para a platéia de uma cidade, colocando à prova o poder de vontade de seus componentes.

O Autor da Obra Original: Thomas Mann

“Nenhum rumor de sucesso conseguiu ofuscar a compreensão nítida da relatividade dos meus méritos. Deixemos à posteridade a última palavra sobre o valor e a importância da minha obra.” Com essas palavras, escritas num diário que, por exigência sua, deveria ser aberto vinte anos após a sua morte, Thomas Mann duvidava de suas qualidades como escritor. Atualmente ele é considerado um dos maiores escritores contemporâneos e o renovador da literatura alemã, influenciado por Goethe, Heine e Nietzsche e fiel à tradição romântica do classicismo alemão.

Paul Thomas Mann nasceu em Lübeck, Alemanha, em 6 de junho de 1875, filho de Thomas Johann Heinrich Mann, de família tradicional da cidade, e da brasileira Júlia da Silva Bruhns Mann, descendente de portugueses e alemães. Do pai, o escritor herdou uma loja de cereais, mas, não sentindo vocação para o comércio, foi trabalhar na Universidade de Munique, onde estudou economia, política, história da arte e literatura.

Sua primeira obra, A queda, foi publicada numa revista em 1897, e o primeiro livro de contos, O pequeno Sr. Friedemann, saiu em 1901. Nesse mesmo ano, lançou Os Buddenbrook, romance que o consagrou definitivamente e lhe deu o prêmio Nobel de Literatura. Considerada uma de suas obras-primas, o livro mostra, através de quatro gerações de uma família alemã, uma síntese da decadência da burguesia do século XIX. Os conflitos entre o artista, que cultivava a vida e a beleza, e a burguesia, para quem a arte era mera ociosidade, tema de Os Buddenbrook, foram retomados em outras obras importantes do autor, como Morte em Veneza (1912), Tristão (1902), Tonio Kroeger (1903), A montanha mágica (1942) e As confissões de Felix Krull — Cavalheiro de indústria (1953).

Em seu primeiro artigo político, Mann justificava a posição da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, mas, em 1918, ele se declarava contra a violência nas Considerações de um apolítico, embora sem afastar a necessidade de participação do artista.

Mario e o mágico, escrito em 1930, é um alerta e um violento ataque ao nazismo em ascensão. Quando Hitler assumiu o poder (1933), Thomas Mann passou a ser perseguido pela intensa atividade antinazista que desenvolvia. Seus livros foram proibidos e sua cidadania alemã foi cassada, o que o obrigou a exilar-se na Suíça, onde terminou sua tetralogia sobre a personagem bíblica José, José e seus irmãos (As histórias de Jacó, O jovem José, José no Egito e José, o Provedor).

Em 1938 mudou-se para os Estado Unidos, onde deu aulas nas universidades da Califórnia e de Princeton. Publicou diversas obras nesse país, destacando-se: O Dr. Fausto (1947), inspirado em Goethe, O eleito (1951) e O cisne negro (1953). Em 1953 voltou a residir na Suíça, onde concluiu seu último romance, Felix Krull, e, um ano antes de morrer, fez dois ensaios literários. Um sobre o escritor russo Tchekhov e o outro sobre Schiller, a respeito do qual fez conferências em toda a Alemanha já aos oitenta anos de idade.

Thomas Mann morreu no dia 12 de agosto de 1955, de colapso, durante o sono.

Sobre a adaptação

Tendo falecido Thomas Mann no ano de 1955, suas obras, a partir de 2005 (cinqüenta anos após sua morte), passaram a domínio público, podendo ser editadas ou adaptadas sem ônus decorrentes de direito autoral. Sendo seus textos, no entanto, editados originariamente em língua alemã, os direitos das obras traduzidas passam a pertencer a seus tradutores.

No Brasil, a obra Mario und der Zauberer não teve tradução direta do alemão, sendo traduzida apenas do francês (Mario et le Magicièn), por Claudio Leme, em edição da década de 1970 pela extinta editora Artenova e mais tarde publicada pelo também extinto Círculo do Livro.

(primeira edição. editora fischer)


A Companhia Ganymedes tentou por diversas vezes entrar em contato com o senhor Cláudio Leme e/ou obter notícias sobre ele, mas não teve sucesso na empreitada. Foram contatados a Fundação Biblioteca Nacional, a SBAT, a Editora Nova Fronteira (publicadora da maioria dos livros de Mann no Brasil), o Instituto Goethe, as áreas de estudos de alemão (literatura e tradução) da USP e da UFRSC, além de outros órgãos.

Assim, na busca de evitar possíveis problemas relacionados a direitos autorais sobre o trabalho empreendido pelo senhor Cláudio Leme, em nossa montagem tentamos nos aproximar o máximo possível de uma livre adaptação, aproveitando basicamente o argumento do texto original.

Ressaltamos o ineditismo do texto Mário e o Mágico nos palcos brasileiros — atentando ainda para o fato de ser rara a presença de Thomas Mann em adaptações teatrais.

(cartaz para versão cinematográfica da obra de thomas mann)

Em nossa adaptação, na busca da condensação necessária para a tradução dramática, fundimos personagens, mas tentamos manter a natureza alegórica do original de Mann, buscando resultar em um espetáculo polissêmico, uma vez que é característico da alegoria o poder ser lida de diversos modos: uma alegoria não é enigmática, pois é característico dela o estar ao alcance de muitos — pode ser vista em sua superfície, em sua fábula; pode ser escarafunchada, caso esteja sendo lida por um leitor com escafandro. Sua interpretação depende do arsenal do leitor.[1]

(edição atual de "mario und der zauberer")

Uma alegoria, basicamente, é uma espécie de metáfora estendida, uma conjunção de elementos representativos que termina por nos dar um texto que significa algo que vai mais além dele mesmo. Algo que não precisa ser necessariamente distinto, mas algo além, algum desdobramento horizontal — pelo elenco dos elementos — que termina por ser também vertical — pela riqueza semântica, pelo aprofundamento na(s) questão(ões) presente(s) no texto.

(uma das litografias de paul wunderlich para a obra de thomas mann - 2004)

Assim, deixamos no palco de O Mágico personagens que cremos serem possibilidades frente ao manipulador. O narrador do conto de Mann tornou-se personagem, juntamente com sua esposa (ambos numa fusão de outras personagens). E a José (o Mário da obra original e aqui também uma fusão), demos a natureza do artista — tão presente na obra manniana —, tirando-lhe da mão o revólver com que matava Cipolla (o mágico) em Mário e o Mágico. Fizemo-lo por querermos também aí alegorizar: sendo ele um artista, “mata” o manipulador com sua sensibilidade — a ele é dado borrar a máscara da mentira; a ele é dado tirar o véu, trazer à tona o sob o pântano. Como sói acontecer com a arte.

(cipolla, por paul wunderlich - 2004)



[1] Ótimo estudo sobre a alegoria é o trabalho Alegoria: teoría de um modo simbólico, de Angus Fletcher. Madrid, Akal, 2002.


Histórico das Apresentações em 2007

O Mágico estreou no palco do Teatro SESC Jofre Soares, após concorrência através do Edital para Ocupação do Teatro. Apresentamo-nos nos dias 11 a 13 e 18 a 20 de janeiro de 2007.

Interessante foi notar a receptividade do público, que lotou todas as apresentações, apesar do texto e da encenação sem apelo popular — isso, acreditamos, deve-se em muito a seu caráter alegórico, que o torna acessível ao mais variado público.

Em 17 de julho, apresentamo-nos no Teatro Deodoro, no projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato, em que manifestações artísticas as mais variadas ocupam, às terças-feiras, o palco mais tradicional da cidade a preços populares (R$2,00).

dona cláudia & esposo de dona cláudia

cipolla & esposo de dona cláudia

josé

o esposo de dona cláudia

josé, cipolla, dona cláudia

Mais uma vez O Mágico é encenado no palco do Teatro SESC Jofre Soares, no dia 28/08, como um dos eventos da Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas 2007.

cipolla



dona cláudia & seu esposo


cipolla & dona cláudia

dona cláudia, cipolla, esposo de dona cláudia




cipolla & esposo de dona cláudia


esposo de dona cláudia


josé, dona cláudia, esposo de dona cláudia, cipolla





josé & cipolla


cipolla, josé, dona cláudia, esposo de dona cláudia


o elenco


O MÁGICO / Mostra de Teatro Sesi/27 de Março de 2009

Larissa Fontes (http://www.flickr.com/photos/fonteslarissa), da platéia, enviou-nos fotos que ela tirou de nossa apresentação.
Se alguém tiver boas fotos de nossos espetáculos, pode nos enviar:
companhiaganymedes@yahoo.com.br

obrigado!


Nestas fotos, José é interpretado por Igor Vasconcelos, novo componente da Cia. Ganymedes.


josé
(igor vasconcelos)