sexta-feira, 9 de maio de 2008

Apresentação e Sinopse

Para seu primeiro espetáculo, a Companhia Ganymedes vale-se de um consagrado texto da literatura alemã, refletindo sobre a liberdade, sobre se realmente existe liberdade, sobre se nossas vontades são eficazes frente à vontade de outrem.

teaser de "o mágico" para a primeira temporada


O espetáculo baseia-se na obra Mario e o mágico, do alemão Thomas Mann, publicada primeiramente em 1930 e considerada uma das duas grandes novelas italianas do autor; a outra é Morte em Veneza. Como diz Jacques Brenner em prefácio à obra, Mario e o mágico seria uma história politicamente engajada e que simbolizaria a instalação do fascismo na Itália depois da Primeira Guerra Mundial.

Segundo o próprio Mann, seria “uma história com fortes ramificações políticas, que se inclina em segredo sobre a psicologia do fascismo e também sobre a da ‘liberdade’, com sua doutrina da boa vontade, que a coloca num estado de inferioridade diante do robusto querer de seu adversário”.

Profundo observador da vida cotidiana, Thomas Mann, durante umas férias na Itália, teria percebido como alguns comportamentos privados correspondiam ao estabelecimento de um regime totalitário. Compreendendo-os, o autor nos dá uma obra que surge como “interrogação sobre a margem da liberdade que nos é concedida e sobre certos perigos que ameaçam nossas pequenas individualidades”, como bem afirma Brenner no mesmo prefácio.

Interessante é saber que as atitudes do mágico, presentes na obra, foram calcadas em uma apresentação real, em que um ilusionista comportou-se da mesma maneira que Cipolla — o mágico do texto de Mann. Rico é ver como a obra ficcional de Thomas Mann, baseada em eventos reais de um lugarejo italiano, torna-se representação alegórica da ascensão do fascismo e, ao mesmo tempo, representação dos cotidianos embates entre nossas vontades e as de outrem. Isso ao mesmo tempo em que lança uma espécie de manifesto contra nossa possível mornidão frente ao que nos rodeia: injustiças de toda monta, política insidiosa, totalitarismos vários — camuflados ou não.

Um trecho de Mario e o mágico bem ilustra isso: "É verdade, a alma não pode viver de não querer. Não querer fazer alguma coisa é insuficiente para preencher uma vida. Não querer alguma coisa está bem próximo de não querer mais nada, e, logo, de fazer assim mesmo o que uma outra vontade impõe".

Assim, tem-se o seguinte como SINOPSE:

Um mágico apresenta-se para a platéia de uma cidade, colocando à prova o poder de vontade de seus componentes.

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